Três temas uniram o “Esquenta!” neste domingo (4). Uma belíssima homenagem ao Pará tomou conta da atração, com as presenças da banda Calypso, da cantora de tecnobrega Gaby Amarantos e da banda Uó – além do DJ Assayag, que dialogou com o funk no palco do “Esquenta!” e mostrou para todo mundo o que é uma festa de aparelhagem, grande mania no Pará. Além disso, Beth Carvalho foi homenageada como a grande rainha do samba que é. E o assunto da violência contra a mulher tomou conta do fim do programa, trazendo as mulheres do Apitaço (de Pernambuco) e do Abraço (do Rio).
A homenagem ao Estado não ficou só na música. O guitarrista da banda Calypso, Chimbinha, assumiu a cozinha do programa e, com a ajuda de Regina, da chef Adriana Didier, da vocalista Joelma e da atriz Dira Paes (outra paraense), mostrou os pratos típicos da região. Regina e Chimbinha ensinaram que o açaí é consumido de maneira diferente no Pará – lá, ele substitui o feijão com arroz da alimentação ribeirinha, e pode ser servido com camarão, pirarucu frito e até tapioca.
Já Gaby, além de seu repertório e de ensinar como a dança do treme (“ela nasceu no Jurunas, porque lá cada grupo de aparelhagem tem fã-clube. Um cara subiu na mesa, começou a dançar e a tremer”, recorda), levou Dona Onete, compositora inédita da região que é ligada à encantaria, espécie de religião afro-indígena. Até um mercadinho como o de Ver-O-Peso foi montado no estúdio – com direito a Chimbinha lembrando de sua infância, andando de uma ponte para outra e tomando banho de rio. A Banda Uó mostrou seu tecnobrega for export, que começou com versões de hits internacionais vertida para o estilo, e chegou a canções próprias.
Beth cantou as músicas de seu novo disco de inéditas, “Nosso samba tá na rua”, que dedica à mulher, na figura da sambista Dona Ivone Lara. E Dira Paes, que interpreta uma personagem, Celeste, que sofre violência doméstica na novela “Fina estampa”, lembrou que costuma ser muito procurada na rua por mulheres que “vinham me falar que sabiam do que ela passava. Muitas sofrem esse tipo de coisa, mas se comportam como se nada estivesse acontecendo”, contou a atriz, que doou para a Biblioteca do Esquenta um livro de um escritor paraense, Dalcídio Jurandir, autor de uma coleção chamada “Extremo Norte”, e sua estreia como escritora, “Menina flor e o boto”.
A homenagem às mulheres e à luta contra a violência esteve no fim, com o papo com Dira Paes e a presença das mulheres do Apitaço, formado por mulheres do Morro da Conceição, no Recife (PE). O contato com elas surgiu quando Regina, há cinco anos, foi ao Morro gravar um “Central da periferia” e convidou mulheres que sofriam violência doméstica para o palco. Jogou apitos para a plateia. E as mulheres tiveram a ideia de apitar todas as vezes que soubessem de alguma mulher que sofre algum tipo de violência. O movimento Abraço, do Rio, também esteve por lá. No fim do programa, aconteceu um abraço coletivo entre todos os participantes do “Esquenta!”.
“Vamos abraçar todas essas mulheres, que estão precisando de carinho e amor, e não dessa barbaridade. Essas mulheres não são coitadinhas, fraquinhas ou pobrezinhas. São fortes, guerreiras, corajosas e vitoriosas”, disse Regina.
Foto: Divulgação/TV Globo